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1. |
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[verso 1]
Vago, mesmo aos cômodos fechados
Teto, tragos, paredes, telhados
Uma dose viva, no doce amargo
Tento no escrevo um livre descargo
Também os quadros, muito do que sinto
Na tela texto em formas eu não minto
Uma vida, mil ideias e o instinto
Pintando outros mundos dentro de meu recinto
Sucinto eu recito um turbilhão
Buscar alguma paz em meio à confusão
Desconectar-se e encontrar conexão
Pois quanto mais conecto, mais desconexão
A minha intenção, nexos, reflexos
Ser agroflorеsta, sistemas complexos
Na simplicidade cultivar um grandе ato
Na sagacidade como move um macaco
Passo a passo da terra o contato
Galho a galho ocupar todo estrato
Fazer parte não causando grande impacto
Mas com a arte fazer um longo pacto
Nas ruas ou nas matas o criar intacto
E nos áridos da vida aprender com velho cacto
Mesmo aos incômodos à pairar
Velhas palhas, falhas, arar a terra no enxadar
Velhos calos alto me falam pra continuar
Na cabeça a lembrança; ato falho não é falhar
'vento leva as folhas, vento leva meu falar
Traz a chuva, rega berços, faz nascer todo plantar
Traz a chuva, rega berços, faz nascer;
Internas sementes, do íntimo da gente
Germinando ideias, em solos diferentes
Pessoas, vivências, ser internamente
Semear ideias, renascer inteiramente
Ao alto dos dias baixos, abrir para o compor
Aos baixos do dia alto, seguir o decompor
Discretamente, do nascer até o pôr
Pras velhas dores, encontrar um novo odor
[refrão]
No cheiro da vida
Vida de cheiro flor
Ó vida florida
Me encontrar por onde for
[verso 2]
Acreditar no invisível, do mundo, da gente
Que o impossível, desfaça as correntes
Buscar fazer sua tese no encontro do sorrir
Buscar quem tece redes, liberta o sentir
Abrindo caminhos que não mais se fecharão
Aprender gerir para outra geração
Gerando energia que move o coração
Enxergar além da vista, além da razão
Registrando, buscas e encontros
Das coisas, dos cantos, belezas e prantos
'eu me pranto'
O que já passei
O que por mim já passou
Quem me fui, quem me sou
'queime julgas'
Da cabeça pro peito
Do peito pra cabeça
Registrando, buscas e encontros
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2. |
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[verso 1]
Acorda cedo, azul, a cor da tarde
Desd'a hora que eu levanto
O meu coração ja arde
Tentando ver melhor
Buscando não dá o pior
Prioridade
Não gosto muito da cidade
Prefiro o mato
Trabalho melhor meu tato, olfato
Ou de fato, facão na mão
Prefiro o mato
Enxada na terra, vê se me erra
Governo maldito, vê se não ferra
Quero sair, subi a serra
Lá de puiuna, cola, na straditerra
Contemplano esses caminho
Completando algum ciclo que se encerra
Fazer de si, barco que navega
E se essa é a levada, então deixa que leva
Leva, lava, seja larva
Leve, livra, essé a saga
[verso 2]
Permanecer, dentro da terra, pra fortalecer
Ela é um corpo, alimente-aaa
Com as suas mãos, com o seu saber
Aprenda as raízes, até o florescer
No inverno é pá podar
Depois na primavera é o poder
Se cuida até a flora
Com certeza irá colher
E como diz o velho deitado
Quem colher de novo irá plantar
Já tá avisado, tem que semear
Dentro da terra, dentro de si
Se alimentar, não é só comer
Precisa mais que isso, precisa é nutrir
Não só a barriga, mas a forma de agir
E agir vem do pensar
Das ideias da cabeça
Respirar, pra não se matar
Manter-se forte, enraizar
Como toda mata, como toda floresta
É preciso muita água é preciso hidratar
Pra poder fluir, pra poder seguir
Ser própria nascente, ser própria matriz
Pra poder seguir, pra poder fluir
Sempre renovando e não deixar de ir
Pra poder fluir, pra poder seguir....
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3. |
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A mente criativa, não para, não espera
Mesmo quando deita, fundo acelera
Num fechar de olhos, abrir de janelas
Um milhão de ideias que surge e prospera
Pela porta do pensar, sempre algo a entrar
Nunca é perdido se vier a aceitar
Mesmo que depois nem venha a usar
Mas não ouse a ousar de si ignorar
Reinventar, mesmo na loucura manter a mente sã
Haverá um novo dia, se chama amanhã
Um novo caminho sеm uma promessa vã
Ser pulo de gato, também salto dе rã
Num ato na manhã, no voo do japu
Se descobrir em corpo e o pensamento nu
Inspirar-se em porco, burro e jacu
Buscar por um norte, também por um sul
Respirar as matas, seu verde e água azul
Preservar as pacas, capivaras e tatus
Nas noites escuras ser a própria luz
Como quem conduz com a cabeça no lugar
Ainda somos livres pra poder pensar
Que a pressão do mundo não mate o criar
Buscar por outros lados, um outro encontrar
Se descobrir aos poucos, não deixar de sonhar
A vida não é vencer, mas vamos conquistar
Sem fazer outros perder também dá para chegar
Vitória é alma limpa e a cabeça no lugar
E em meio a lua cheia um novo encantar
E mesmo na minguante, seguir adiante
Uma nova ideia, semente que se plante
Um novo ser crescente, noite e dia avante
Criar, alumiar e ser chama a todo instante
Saber adaptar quando chega a vazante
Uma hora vem a chuva para cheia que encante
Nada é tão longe que a gente não alcance
Pois pra toda queda haverá um levante
Com cair da noite também vou levantar
É a hora que a ideia colocou pra despertar
Agora vai parar, só num ato na manhã
E mesmo na loucura, manter a mente sã
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4. |
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Num instante a vida momento
Passa que passa, em movimento
Bem lento aqui de dentro
Tudo rápido lá de fora
Desse jeito num demora
Escora o corpo pra num cair
Com esse monte de conversa
Que num faz nem boi dormir
Historia é da vida
Vida momento
Daqui de dentro
Não me sinto
Parte desse mundo
Não sou puro, mai também não sou imundo
As veiz nado em água rasa
As veiz nado lá pro fundo
Profundo o meu sentimento
Das coisa que eu amo
Das coisa que eu invento
Das coisa que eu não sei
Mai vou lá е tento
Se num dá certo, еu mudo igual o vento
Ajustando o meu alento
Quebrando meus relógio
Dazora contada, não os biológico
Não a minha lógica
Não sou funcionário, mai trabalho a minha ótica
Aqui é preciso, ter a visão
Não essa dos olhos, mai da mente coração
Trabalhar o bem, é com a própria mão
No caminhar dos pés e a boa intenção
Primeiro escutar, depois a locução
E é preciso observar, os que louco são
Outras formas de pensar, de observação
Outras formas de plantar, as muda e mudar
Outra percepção, do que é colher
Que antes de tudo isso, tem que esperar chover
E mesmo sem ver, pode crer
Toda fruta já foi muda, teve a hora de crescer
Agora ser, alimento pra outro ser
Desde o nascimento até a hora de morrer
Vivendo a beleza, sem precisar vencer
Sem ninguém pra trás, ficando pra perder
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5. |
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Ao que é imposto resistir
Pois esses caminhos não são fáceis de seguir
Quem tem o poder quer impedir nosso devir
O direito de expressar e o livre prosseguir
Persistir, para incomodar
Seja com ações, ou a forma de pensar
Mesmo em silêncio, não deixar de lutar
Mas que a nossa voz também venha pra marcar
Como um belo pixo no luar, fazer parte
Quem diz que não gosta é que entendeu a arte
Dão valor as estruturas da cidadе
E ignoram quem é feito de dеscarte
Geram lucros por quanto mais matar
E é por isso que enriquecem sem parar
Governantes e pastores devemos desprezar
Igrejas e palácios que venham a queimar
*ééé, o fogo que queima pro mal
........também pode queimar pro bem
Se atente*
Morte aos falácios que não param de arruinar
Perdidos em ganâncias desde sempre a roubar
Merecem o fim, que é pro mundo libertar
Desse pesadelo e poder voltar sonhar
Acordar num belo dia sem os ricos a reinar
Não tenham tantos riscos por aí a rondar
Que das vitrines tirem a nossa esperança
Não somos produtos nem filhos de pátria branca
*a gente num pertence a isso não
É pátria, é patrão; e o prato que mata fome?
E quem tá lá em cima?
Quem tá lá em cima nem liga*
Lavar pra livrar o corpo do que cansa
Força pra lutar manter o foco no que avança
Máquinas não somos, nós somos mudança
Feito raiz que fundo sempre alcança
Ter ar e terra pra ser a sua base
Aprender com as estações, a lua e suas fases
Todos tem um ritmo não somos incapazes
E que haja liberdade, como o voar das aves
Sem comparações, com o próprio eu fazer as pazes
Encontrar outros caminhos que não sejam tão vorazes
Somos mais que dígitos, somos mais que quase
Abrindo novas portas; somos chave
Não deixar de existir, transformar só em imagem
A vida é passageira mas questione essa passagem
Queime julgas, vou seguir minha viagem
Mesmo no difícil não propício da estiagem
*como voar das aves, como voar das aves*
Aqui a vida voa, ave da volta pelo ar
Pousa e repousa sabe a hora de parar
Aos sinais atenta pra poder interpretar
O que diz a terra sem ter boca pra falar
Outro dia um novo início que abre pra entrar
Cada dia um novo indício, a sincronia do buscar
O transformar interno é o eterno caminhar
Não se prender a si e não se perderá
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6. |
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Pó, pedra, poeira
Nas beiras do eu, pé na fogueira
Me lembro ainda, tamanha figueira
Ali pertencia, à sua maneira
Beira de estrada, pó, pedra, poeira
Na eira da ida, de vida florida
Larga de copa, em sombra rasteira
Vivida por tempos, pra ser esquecida
Um estrondo fatal de sua caída
Homens à mando num corte de vida
Grande suas serras, maior a ferida
Fecharam a entrada, não tem mais saída
Mas não me esqueço, me lembro ainda
Estrada da morte, não traz boas vindas
Todos os dias, ali sе finda
Vida de animais em acidentеs fatais
Atitudes que tomam, são todas banais
Criam pras águas, falsos canais
Foram-se as arvores, sombra não tem mais
Calor em excesso, erosões pluviais
O solo carente, de seus minerais
Salvem as minhocas, as cobras corais
Também as maritacas, canários e pardais
De meus ancestrais, cito gabiroval
É nela que habita a historia da qual
Eu comento e canto um lembrar de quintal
Feito lembranças estendidas no varal
Dos olhos para boca sinto gosto de sal
Da boca pro mundo pra esvair o mal
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7. |
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O barro age
Conforme a maldade
Desaba barragens
À beira das margens, bandeira flácida
Ácidas notícias do dia a dia
Enquanto eu carpia a terra sucumbia
Será que um dia?
Os pobres governantes, dos quais não precisávamos antes
Perceberão que o maior ato a se fazer
É deixar a própria forma de ser
Agir por si, apreciar e colher frutos do que há
Grátis antes, agora pago
Pago por todos desastres naturais dos seres idiotas
Se é feito pra dar errado, é natural que tudo desabe
Conforme a maldade
Como se acalma jovem da cidade
Tanta calamidade, a destruição está em nós
Voltaremos aos pós
A partir dos pés que vieram nos pisar
Aaaaaaahh! tão grande o meu pesar sobre as perdas
Caminhando as veredas
Apesar que, não muito antenado
Que é pra eu não morrer
Por imaginar logo não ter mais onde viver
Pois faço por mim, mas não posso por você
Se erra, também vou sofrer
Não há lágrima que lave todo esse chorume a escorrer
Eu choro pelo mundo, pelos cantos
Os cantos esquecidos onde seres habitam
O canto esquecido dos que cantam
Belos pássaros que não mais encantam
Por suas asas terem sido cortadas, explorados aos tantos
Pobre os barrancos, podres vamos aos trancos
Me tranco, ando manco
Nos trancam, pensam que (nos) amansam
Pobre terra que desaba, rica és
Constrói nossas casas, sustenta os pés
Rica terra que nos alimenta
Devolvemos pelos esgotos e escombros
Quem em mãos tem poder, dá-se os ombros
Nos dão rasteiras, golpes baixos
Uma hora uma cratera se abrirá
Finalmente saberão que o inferno é a devastação da alma
A devastação que cria o próprio ser
Invés de nutrir-se de bons frutos
Envenenar-se prefere
Invés de nutrir-se de bons frutos...
Explora o que cura, consome o que fere
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8. |
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Máquinas, motores
Liquidando nossas flores
Iludindo as florestas
Alimentam nossas dores
Fumaças e tratores
Tratantes, desgraças
Liberando a caça
Lucrando nas carcaça
Chapando nas cachaça
Ilude toda uma massa
Erra, esconde a terra
Descaso o asfalto
Onde um dia já pisei descalço
Máquinas, motores
Rufam os rumores
As frutas perdem seus sabores
As águas ganham maus odores
A causa são vários fatores
Vários infratores
Fazem do espetáculo
Um grande show de horrores
É pura, falta de cultura
É falha na estrutura
Veneno nas verdura
Pastos e a monocultura
Assim se caminha para vida dura
[mas solo cura, não se esqueça
As leis não obedeça
Sempre que possível agradeça
O verde em nossa mesa
Em nossa cabeça]
Vida avessa, grande a travessia
De que adianta a quantia
Se não há qualidade
Quantidade é vaidade
Morre e mata
Assim cresce a cidade
E tem gente ainda não tem casa
Morre a mata
Água limpa tá escassa
Governo é uma farsa
Fracassa, em tudo que faz
Aqui jaz, a terra
Terra, que tem seus elementos
Em grande equilíbrio
Mas tem o humano com seu plano
Um mau elemento, abusa do cimento
Não pensa docemente
Não pensa com sua mente
Enquanto isso
Eu ando com quem planta a semente
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9. |
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Caminho com meus pés alados
Atados não, mas firmes estão sobre o chão
Sóbrios, um pouco chapado
Vou, ando, voando
Desconhecendo o conhecido
Conhecendo o esquecido
Sendo o esquisito
Desfazendo os requisitos
Vou vendo o que há pra ver
Vendo umas parada pra eu viver
Uns quadro, umas capina
Altas horas da matina
Acordado, sonhando
Escrevo um novo verso
De um ser complexo
Em um mundo desconexo
Inverso ao perverso
Preservo o que faz bem
Quem tá ao meu lado
E é preciso
Preservar as abеlhas também
Amem!
Precioso o amar
Calmo e pеrigoso como as águas do mar
Se leva, na onda, se lava
A alma, respira, vai na calma
O karma quem carrega é você
Nunca é tarde pra aprender
Sobre o viver, sobre o que vier
A vida é muita mais que sobreviver
Nesse mundo louco, que tudo sempre é pouco
Tudo tem seu gosto
Um monte de desgosto
Alguma esperança, em um corpo exposto
No meio da mata, perdido em matéria
Tem muita riqueza, tem muita miséria
Vida etérea
Quem dera, quem dera
Vida não espera
Tem dia ela é áspera, tem dia ela prospera
Mas segue a caminhada
Nessa atmosfera
Em dias nublados, chuvosos
Propícios pra água nos olhos
Lágrimas se delas me molho
É assim que rego e me afloro
Carrego no peito uma imensidão
Desajeito, desaforo, também um coração
Desse jeito que me envolvo
Dissolvo, com pé na multidão
Um longo caminho seguir a contramão
Pequenas atitudes nunca são em vão
Ser igual ao outro não é uma opção
Cada um tem sua maneira
Cada um tem sua questão
Eis que então, uma diversidade
Intensos sentimentos
Entre defeitos, equilíbrio, qualidades
Em dias nublados, são outras as vaidades
Várias tempestades, dentro da gente
À procura de um motivo que esquente
Também possa ter um sorriso diariamente
Motivo pra que enfrente
Possa seguir em frente
Fazendo diferenças, não ser indiferente
Independente de suas crenças
[saber onde pisar, como chegar, pedir licença
Da melhor maneira por pra fora o que pensa
São breves momentos de uma vida intensa
São pequenos passos por uma via extensa]
Que então pertença, também aos vendavais
Pra que os sentimentos não sejam sempre iguais
Criar e descobrir-se em internos rituais
Crer e alimentar nossos valores, (reais) espirituais
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